Apoio contínuo à produção de saberes

Acreditar na validade do conhecimento científico como forma de contribuições teóricas e evidências empíricas para o desenvolvimento das periferias e para o enfrentamento das desigualdades. Essa diretriz da área de Fomento a Agentes e Causas da Fundação Tide Setubal norteou a mobilização de recursos para viabilizar o trabalho de centros de pesquisa e apoiar a atuação de pessoas acadêmicas, principalmente, de trajetória periférica.

Dentro desse propósito, a área promoveu, em 2024, repasses cujo valor total foi de R$ 1.540.082,62. Esse montante apoiou, então, a realização de atividades por parte de núcleos de pesquisa e acadêmicos, assim como a produção de projetos com a mesma finalidade em territórios periféricos. Nesse sentido, os incentivos nesse segmento alcançaram 19 organizações e lideranças.

Uma das ações com esse propósito que recebeu apoio da área de Fomento a Agentes e Causas foi a premiação da edição 2024 do Programa Ancestralidades de Valorização à Pesquisa. Coidealizado em parceria com o Itaú Cultural, o edital teve o objetivo de fomentar a produção de reflexão sobre saberes relacionados a meio ambiente e raça, abordando as perspectivas dos saberes ancestrais das populações indígena e negra no Brasil. Dentro desse propósito, a iniciativa estipulou duas categorias para premiação:

• Pesquisas e Estudos em Andamento, cuja premiação foi de R$ 12 mil para cada pessoa selecionada nesse segmento;
• Pesquisas e Estudos Concluídos, com valor de R$ 18 mil.

Nesse sentido, o edital selecionou 12 pessoas pesquisadoras, sendo sete na categoria de Pesquisas e Estudos em Andamento e outras cinco no eixo de Pesquisas e Estudos Concluídos. No total, a edição 2024 do Programa Ancestralidades de Valorização à Pesquisa contou com R$ 174 mil para a premiação.

Entre os destaques nesse contexto estão também dois grupos de produção acadêmica vinculados à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Um dos apoios compreende o Centro de Memória Urbana (CMUrb). Esse núcleo, cuja sede está no campus da zona leste e que desenvolve atividades e ações para registrar, preservar e difundir a história, memória e o patrimônio cultural, recebeu R$ 15.537,37 em 2024.

Outro núcleo da Unifesp que contou com apoio da área de Fomento a Agentes e Causas da Fundação Tide Setubal foi o Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (SoU_Ciêcia). Esse grupo de pesquisa multidisciplinar tem como missão “fortalecer a conexão entre Universidade, Ciência, Sociedade e Estado em favor do desenvolvimento nacional com equidade, democracia, diversidade, sustentabilidade e solidariedade”. Em 2024, o think tank contou com repasse de R$65.600.

Sobre mais vertentes

Os aportes que a área de Fomento a Agentes e Causas promoveu em 2024 incluíram também o Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro. Vinculado ao Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), o núcleo de estudos, que objetiva aproximar a academia das esferas pública e privada, do terceiro setor e de comunidades vulnerabilizadas para a realização de debates e projetos sobre urbanismo, recebeu repasse de R$ 400 mil.

Em paralelo, o Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP), centro que desenvolve pesquisas em caráter multidisciplinar com foco em violência, democracia e direitos humanos, contou, em 2024, com apoio de R$104.945,25.

Mais um segmento de pesquisa que contou com o apoio da área de Fomento a Agentes e Causas em 2024 é relacionado ao mercado de trabalho e aos rumos da empregabilidade. Desse modo, a Iniciativa de Empregos e Oportunidades Brasil (JOI Brasil), vinculado à Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL LAC), teve fomento de R$ 650 mil para a realização de suas atividades no decorrer do ano.

Ainda no campo de empregabilidade, mercado de trabalho e empreendedorismo, o Instituto Feira Preta recebeu R$ 70 mil para realizar o projeto formativo Novas Vozes, Novas Economias. A iniciativa buscou construir modelos para políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo de pessoas negras no Brasil, com abordagem transversal que visava influenciar diversas políticas estatais. O projeto teve como público-alvo formuladores de políticas antirracistas em áreas como economia, cultura, educação, tecnologia e inovação, bem como empreendedores negros brasileiros. Para atingir seu objetivo, o projeto propôs trabalhar com dados e indicadores de desigualdade racial para identificar os obstáculos enfrentados por afroempreendedores.

Por fim, o projeto Cartografias Experimentais: utopias periféricas para uma outra cidade, do Sarau do Vale, articulado com o núcleo Rosa Parks da UNEafro Brasil, Empreendimento Dandara do MTST e CPDOC Guaianás, junto com o laboratório de pesquisa LabCidade da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, para construção de cartografias experimentais dos bairros do distrito do Iguatemi, "fundão" da Zona Leste de São Paulo, teve apoio de R$ 60.000 durante 2024.