Colocar o desenvolvimento humano no centro do debate econômico e do processo para geração de renda. Esses são aspectos intrínsecos à atuação do Programa Nova Economia e Desenvolvimento Territorial da Fundação Tide Setubal, cujo objetivo estratégico é promover a inclusão e a reorganização produtiva para direcionar aos territórios periféricos a renda que lhes é de direito.
Nesse sentido, dois projetos desenvolvidos em 2024, em parceria com o Instituto Paul Singer, colocaram em pauta essa abordagem e o debate sobre novos modelos de geração de renda a partir de especificidades territoriais.
Uma dessas ações consistiu no curso Introdução ao Desenvolvimento Solidário: economia, política, educação e alimentação para territórios solidários. Coordenada pelo Instituto Paul Singer, essa formação contou com o apoio da Fundação Tide Setubal e a parceria com o Instituto Nova União da Arte (NUA).
O foco do curso, que contou com 11 encontros, foi a economia solidária, que trata do processo de fomento de novas forças produtivas e de instauração de novas relações de produção, abrangendo a promoção de “um processo sustentável de crescimento econômico, que preserve a natureza e redistribua os frutos do crescimento a favor dos que se encontram marginalizados do acesso a recursos”.
“Os diálogos partem sempre de experiências concretas desenvolvidas no território para ser possível pensar o mundo em conjunto. Os encontros buscam estimular a perspectiva de que experiências vividas em âmbito micro são consequência de cenário político, econômico e social maior, além de organizá-las para o movimento ganhar a tração e o reconhecimento que merecem.”
(Kenia Cardoso, coordenadora do Programa Nova Economia e Desenvolvimento Territorial)
Desse modo, os encontros tiveram diálogo com a vivência dos moradores do bairro e perspectiva multidisciplinar, buscando consolidar princípios que fundamentam um uma proposta de desenvolvimento social e econômico mais justa. Os temas abordados foram diversos, como agroecologia, trabalho, feminismo e sistemas produtivos.
Desenvolvimento territorial solidário em pauta
Outra ação implementada em parceria com o Instituto Paul Singer, abarcando a geração de renda territorial, envolveu a produção de conhecimento. Trata-se, no caso, da pesquisa Desenvolvimento Territorial Solidário – lições aprendidas nas periferias urbanas sobre a potente articulação entre economia solidária, agroecologia e educação transformadora .
Realizado entre dezembro de 2023 e abril de 2024, o levantamento consistiu em visitas a cinco municípios para identificar iniciativas em prol do desenvolvimento territorial solidário: quatro capitais – São Paulo (SP), Manaus (AM), Porto Alegre (RS) e Salvador (BA) – e Maricá (RJ), cidade escolhida por “acolher uma experiência marcante no âmbito das políticas públicas, sendo um campo de investigação voltado para o papel do Estado na promoção de ações de desenvolvimento local”.
Após essa etapa, a pesquisa Desenvolvimento Territorial Solidário contou também com dois ciclos de debates para apresentação dos resultados: uma atividade foi virtual e outra, presencial. Ainda, o levantamento mapeou 78 iniciativas, em todo o Brasil, com atuação rural e urbana. Na sequência, as visitas para a elaboração do estudo concentraram-se em 23 experiências com esse perfil.
